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terça-feira, 3 de maio de 2011

Acessibilidade comunicacional da pessoa cega



A leitura liberta e possibilita exercermos nossa cidadania, pois unimos pensamento, informação e ação. Por meio dela nos tornamos cultos, informados, conhecedores da língua escrita (regras ortográficas e gramaticais) e podemos participar com maior segurança da vida em sociedade. Lendo um livro descobrimos horizontes nunca imaginados e visitados, desenvolvemos o poder imaginário, ampliamos nossa comunicação e nos capacitamos à produção escrita.
A cegueira impossibilita o contato com o mundo da palavra escrita e desencadeia a falta de informação por esse meio, influenciando negativamente na construção de conceitos e na alfabetização da pessoa cega, que por muito tempo teve que estudar e buscar sua qualificação pessoal e profissional por meio da oralidade e da boa vontade de outras pessoas que enxergavam. O acesso ao material em Braille pode vir a assegurar uma melhor adaptação da pessoa cega no contexto escolar, sendo uma possibilidade de independência na aquisição do conhecimento.
Lemos (1999) afirma que “a experiência da leitura visual ou tátil não pode ser substituída pela audição de textos lidos por outra pessoa. Estar apto a escrever os seus pensamentos, em tinta ou em Braille, possibilita à mente humana ter um espelho à sua frente”.
A criação do sistema Braille em 1825 demonstra que a necessidade de oferecer instrumentos de comunicação para os cegos começou desde muito tempo. O sistema de Louis Braille conseguiu transformar a vida daqueles que passaram a expressar-se mais, tiveram maior contato com a informação, e hoje conseguem comunicar-se por meio do registro escrito.
A criação desse sistema e sua utilização universal representam um marco na garantia de acessibilidade comunicacional para as pessoas cegas no que se refere à aquisição da leitura e escrita. Consequentemente, o material impresso em Braille, no caso específico o livro, é uma grande conquista, uma vez que além de ser uma possível fonte de aprendizagem, pode garantir a participação social e cultural por intermédio da leitura.
Ainda, com a criação e expansão dos CAPs (Centro de Apoio Pedagógico) que através da produção de materiais pedagógicos (livros didáticos, textos, etc. em Braille), os alunos cegos passaram a ampliar seus horizontes tendo uma maior acessibilidade aos conteúdos trabalhados em sala de aula.
O livro é o registro escrito do que existe a nossa volta, por ele descobrimos quais são as mais recentes descobertas científicas, nos informamos sobre a história, a literatura, a matemática, a constituição, etc., e adquirimos conhecimento.
Hoje, com a revolução da internet e os avanços tecnológicos o acesso à cultura se tornou fácil e prático, mas não podemos deixar de reforçar que o material em Braille se constitui uma rica fonte de aprendizado e formação cultural e profissional da pessoa cega.

Maria Emilia Santana Azevedo Oliveira
Transcritora e adaptadora de livros em Braille
Núcleo de Produção Braille – E. E. Professor Alceu Novaes/CAP


Um comentário:

  1. Excelente texto. Pena que muitos cegos ainda não sabem braille por não acharem importante para vida o que se deve fazer para que aprenda braille?

    trabalho com pessoas cegas quero ajudar

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